domingo, 29 de abril de 2012

Alquimia

Alquimia

Muito falamos sobre a alquimia, mas de modo algum chegamos ao
cerne daquilo que ela realmente é. Podemos simplesmente falar
acerca dela, como que girando ao redor dela e analisando seus
vestígios. Sabemos que cada alquimista tinha seu laboratório. Assim,
vamos partir do espaço de seu trabalho para tentar compreender
como ou o que era a alquimia. A palavra laboratório vem da união de
duas palavras latinas "labor" , que significa trabalho, serviço, ação; e
a palavra "oratio", raiz do termo que hoje se difunde como oração.
Portando, o alquimista é propriamente um religioso, que em seu
fazer desenvolve, ao mesmo tempo, trabalho e oração, ou seja, para
ele não há distinção entre o fazer e o orar, ambos dizem o mesmo.
Deste modo, o trabalho do alquimista é a oração e a oração é seu
trabalho. Todo alquimista se apresenta como um sacerdote para si,
um mediador entre as coisas visíveis e as coisas invisíveis, passando
toda a sua vida em busca de concluir a "grande obra". Mas o que é
a "grande obra"? Seria a transmutação do chumbo em ouro? Ou
então o encontro da pedra filosofal? Quando falamos em alquimia
estamos falando das duas coisas. Se nos aprofundarmos mais neste
estudo vamos perceber que ambas falam do mesmo. A "grande obra"
se apresenta como um processo de transformação, como o caminho
da transmutação. A transmutação física de uma coisa em outra,
partindo de uma atitude interior, de uma transformação interna que
vai culminar com a metanóia (conversão) do próprio alquimista.
Alguns alquimistas apresentam as fazes de sua transmutação
pessoal, mostrando uma escalação de momentos interiores até
chegar a grandeza da transformação exterior. Toda a vida alquímica
é uma busca pela completa transformação do homem velho no
homem novo. O grande alquimista é aquele que consegue fazer-se, a
partir de si mesmo e de suas forças, um homem novo. Muitos no
decorrer de sua vida entendem que a "grande obra" consiste em
transformar o homem-chumbo que se é no homem-ouro que todos
almejam ser. Nesse processo, os tratados alquímicos falam de três
estágios. O primeiro é o Negredo, onde o homem se encontra denso,
sem purificação, momento em que ele trabalha o metal chumbo e o
homem-chumbo. O segundo estágio é o Albedo, momento em que o
alquimista começa a distinguir as coisas, está associado ao elemento
água, que representa sua a purificação e limpeza. Por fim, o terceiro
estágio, o Rubedo, neste estágio o alquimista se encontra com o
metal ouro e faz a síntese interna de toda sua obra. No Rubedo o
alquimista percebe-se transmutado no homem novo.Hoje a alquimia
passa a ser vista num aspecto mágico e taumaturgico, mas não era
esta única expectativa que os alquimistas tinham de seu trabalho. O
pai da alquimia, o Trimegisto, mostrava que o encontro da esmeralda
se dá na busca humana de auto-lapidação para a transformação no
melhor humano que se pode ser.

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